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Sobre inteligência nas cidades

Tema: Sobre inteligência nas cidades

Veículo: Diário da Manhã

Número: 10.986

Página: 19

Caderno: Opinião Pública

Data: 13/11/2017

Sobre inteligência nas cidades

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Esse dito popular que aponta para falas destoantes das ações do emissor parece ter o tom de cidades que dizem querer gerar qualidade de vida e desenvolvimento social, mas que, na prática, ainda se perdem nas burocracias de atividades simples. Mais que isso, ao invés de gerar satisfação de seus residentes, são um convite, por vezes uma convocação, para burlar a ineficiência dessas prefeituras, gerando estatísticas pouco confortáveis para um município.

O órgão público deveria ser exemplo de agilidade e presteza em uma cidade, otimizando a geração de emprego e renda e contribuindo para o desenvolvimento social e econômico. Quando o órgão trabalha em sentido contrário, dificultando a vida de pessoas e empresas, o resultado é a involução social, com aumento de soluções alheias aos trâmites considerados normais. Empregos informais, construções irregulares e negócios de gaveta são sintomáticos para o excesso de burocracia e ineficiência neste campo. Junte ao conjunto a previsível fuga de talentos e empresas, que naturalmente irão buscar lugares mais prósperos para atender sua necessidade de crescimento e temos a receita das cidades que ficam estagnadas ou até decrescem.

A burocracia só não é maior que a ineficiência de órgãos públicos que atrasam o crescimento das cidades. Goiás, por exemplo, que tem mais de 90% da sua população vivendo em cidades, experimenta um movimento já vivido em outros estados: a interiorização do desenvolvimento. Cidades como Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, que junto de Goiânia estão prestes a terem 100% de sua população vivendo em cidades, buscam na eficiência municipal o principal trunfo para atraírem pessoas e empresas. De outro lado, a capital perde espaço e envelhece, prisioneira dos morosos processos administrativos.

O tempo médio para se registrar uma empresa ou conseguir os alvarás de construção é bom exemplo. Goiânia iniciou uma forma prática para expedição de alvará de construção, prometido em prazo de 24h. Contudo, se houver necessidade de remembramento de lotes, o prazo facilmente ultrapassa um ano. A dificuldade de acesso à informação é outro problema da capital. Embora o cidadão possa acompanhar seu processo pela Internet, conhecer o percurso que cada processo deve fazer é tarefa inglória, e a considerar a disposição dos funcionários públicos municipais em dirimir dúvidas, será mais rápido procurar outro município ou mesmo burlar as regras.

De fato, cidades que querem atrair investimentos e talentos devem ser exemplos de bom atendimento e agilidade em seus processos. Rever e otimizar trâmites, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico do município é o mínimo que uma boa gestão deve fazer. O cidadão contribuinte deve ser visto como aliado para o desenvolvimento das cidades, o que ele de fato é.  E a gestão municipal deve enxergar que para construir uma cidade inteligente será preciso ser exemplo.

“Faça o que eu digo e faço” deveria ser a máxima da gestão pública, ao construir trâmites que favoreçam a dinâmica social, a inovação e o desenvolvimento econômico do município. Inteligência nas cidades tem início com políticas e ações públicas, tanto dentro quanto fora de seus órgãos administrativos.

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