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As propostas dos principais candidatos ao Governo de Goiás para a Ciência, Tecnologia e Inovação

Tema: As propostas dos principais candidatos ao Governo de Goiás para a Ciência, Tecnologia e Inovação

Veículo: Diário da Manhã

Número: 11.293

Página: 24

Caderno: Opinião Pública

Data: 17/09/2018

As principais economias do mundo se fortaleceram pelo desenvolvimento em Ciência e Tecnologia, com forte acento em inovação. EUA, China, Japão, Alemanha e Reino Unido, ocupantes das cinco primeiras posições, exibem um forte mercado baseado em inovação. China e Estados Unidos dividem o Top 10 das maiores empresas, em 2018, e os EUA, sozinhos, possuem 7 das 10 empresas mais inovadoras do mundo, segundo a revista Forbes.

O Brasil ocupa a 9a colocação no ranking das maiores economias do mundo, com pouco mais de 10% do PIB dos EUA, ainda segundo a Forbes. E a considerar os esforços para a área de Ciência, Tecnologia e Inovação, o futuro não espelha lá essa grandeza toda: em 2015, o Brasil investiu 0,63% do PIB em C&T, segundo o Ipea, enquanto Israel encabeça a lista dos países que mais investem em Ciência e Tecnologia, com um percentual de 4,2 do PIB, e os EUA assumem a liderança em valores brutos, com 2,8% do PIB.

Em Goiás, cujo lema nos últimos anos foi o de Estado Inovador, a pretensão para os cinco últimos anos era saltar de um investimento de tacanhos 0,7% do PIB em 2013, para 2,4% em 2018, segundo a SED - Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação. A realidade apontou outro caminho, reduzindo o percentual de investimento para 1,25%, de acordo com o Artigo 158 da Constituição Estadual. O investimento passa longe, ainda, do que fora prospectado em 2013.

Frente a esta realidade, são analisadas as propostas para a área de C,T & I (Ciência, Tecnologia e Inovação), dos três candidatos melhores posicionados nas últimas pesquisas, a saber Ronaldo Caiado (DEM), José Eliton (PSDB) e Daniel Vilela (MDB), buscando pontuar o que podemos aguardar.

Os três candidatos fazem menção à área de Ciência, Tecnologia e Inovação em seus planos de governo, ainda que somente apareça uma única vez em cada um dos planos, com tal nominação. De modo mais esgarçado, os planos apontam investimentos em Tecnologia da Informação, principalmente em sistemas integradores que melhorem a gestão estadual, além de apoio à formação de nível superior, concernentes à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. De modo pontual, passamos a verificar as ações propostas pelos candidatos.

Ronaldo Caiado faz menção, em suas diretrizes, para a área tecnológica e de inovação, ao pontuar a diretriz de integração governamental e valores de governança. A tecnologia também é mencionada quando o assunto é saúde, com fortalecimento da gestão em saúde e da inteligência, com base na tecnologia da informação. No meio ambiente, o estímulo à inserção de tecnologias limpas é lembrado, bem como no fomento de atividades de pesquisas voltadas para o monitoramento dos indicadores econômicos, sociais e ambientais que servem de base para a construção de políticas públicas. O candidato se compromete em fortalecer o sistema de inovação, especialmente para a agroindústria e turismo e aponta para o fomento de banda larga em grandes centros, o incentivo do desenvolvimento de tecnologias voltadas à base econômica do Estado, a conexão de universidades, empreendedores, investidores e grandes empresas; o apoio a startups, programas de pós-graduação em áreas tecnológicas, parques científicos e tecnológicos e, finalizando, o compromisso de investir em ciência, tecnologia e inovação para tornar Goiás o estado mais eficiente e empreendedor do Brasil.

O candidato aponta a auspiciosa meta, embora há de se considerar que as ações listadas não evidenciam o modo como a meta será alcançada. O plano de governo aponta intenções, mas não exatamente ações para a área, remontando mais objetivos que estratégias.

José Eliton, atual governador, dedica um eixo para a economia de alta competitividade, tecnologia e inovação. Nesse eixo temático, o candidato aponta para as conquistas da FAPEG; o apoio aos APLs - Arranjos Produtivos Locais -; o serviço de monitoramento hidrológico e meteorológico;  o PEIEX - Projeto de Extensão Industrial Exportadora -; a REETEC - Rede Goiana de Extensão Tecnológica e PRONATEC. Nos compromissos assumidos, o candidato aponta para o fortalecimento da FAPEG, a formação em C,T&I, a infraestrutura de pesquisa, a criação de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e incubadoras, fomento de projeto de pesquisa para inovação de produtos e processos, internacionalização da pesquisa científica, tecnológica e de inovação, a extensão tecnológica voltada para a melhoria da competitividade de micro, pequenas e médias empresas, a conectividade com redes WI-FI em pontos públicos, o aperfeiçoamento do sistemas de Meteorologia e Hidrologia do Estado e o apoio a parques, distritos e condomínios tecnológicos. Ainda nessa área, o candidato aponta para a criação de ambientes inovadores em parceria com a iniciativa privada e universidades, ações voltadas para o estímulo de jovens às ações de investigação científica e empreendedorismo, apoio a startups e congêneres, à popularização da ciência, ao empreendedorismo de base tecnológica e à bioeconomia, com uso sustentável da biodiversidade.

José Éliton é mais incisivo que seu adversário Ronaldo Caiado, nas ações que pretende desenvolver em um governo, apontando ações, efetivamente. Em todo o seu plano de governo, há uma seção nominada iniciativas inovadoras, nas várias áreas de atuação, embora a perspectiva de inovação seja confundida com ineditismo.

Daniel Vilela, do MDB, desenha 7 eixos de atuação estratégicas, tendo em dois deles a presença da Ciência, Tecnologia e Inovação como pilares, a saber o eixo Conhecer para evoluir, que traz a perspectiva do conhecimento para o avanço, centrado na ideia de pesquisa, e o eixo Conectar atividades e soluções, apontando a conectividade como pressuposto de trabalho ágil e eficiente.  O candidato indica a inserção de ferramentas de Big Data como modo de melhorar a tomada de decisões a partir de informações, a automação de processos para agilizar o atendimento e a eficiência do Estado, o provimento de acesso à Internet de banda larga a todos os municípios do Estado, a melhoria do parque tecnológico, entendido como recursos tecnológicos existentes na administração pública, o uso de ferramentas tecnológicas na educação, ampliação da capacidade de investimento da FAPEG, UEG e OVG, para bolsas de estudo e pesquisa. Vilela se compromete com a preparação de cérebros, com apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico de alunos de alto desempenho e, também, para o uso da Internet como recurso de ensino-aprendizagem. Na segurança, o candidato indica para o uso de câmeras privadas e públicas, vinculadas à ferramenta de Big data, melhorando a inteligência da segurança pública. O uso de drones e VANTs (veículos aéreos não tripulados) é a aposta do candidato para a segurança em áreas rurais, ambientais e eventos, enquanto o uso de WhatsApp para grupos é a solução para bairros e comunidades participarem da segurança. Usinas fotovoltaicas e o cuidado com resíduos sólidos são apostas para o meio ambiente, enquanto o apoio a startups e ao empreendedorismo formam o eixo da para o desenvolvimento econômico, que inclui, ainda, ações para parques científicos e tecnológicos.

Ainda que o plano de governo do candidato Daniel Vilela seja o menor dentre os três analisados, o lastro da Ciência, Tecnologia e Inovação é visível não apenas em ações pontuais para a área, mas, sobretudo, como elemento estruturador para todo o plano, constituindo-se como tema onipresente em todos ele.

As ações de C, T & I respondem, de fato, por dois segmentos ou eixos, a saber a estrutura centrada na própria área, com ações voltadas para o fortalecimento da pesquisa e do desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação, como as ações pontuadas por todos os candidatos, mas também pelo eixo aplicado, com ações em todas as áreas, como aponta o candidato Daniel Vilela. Pensar a C,T & I apenas em ações de formação e desenvolvimento, ainda que parece muito bom, significa pensar isoladamente, sem enxergar que o ganho está, efetivamente, quando se aplica em Saúde, Educação, Segurança, Assistência Social, Cultura e Gestão Pública,  resultando em inteligência em prol da cidadania. A inserção de planejamento fundamentado em agilidade, eficiência e conhecimento é essencial para a construção de uma sociedade que se move para o futuro. E é essa a contribuição da área para os municípios, estados e nações.

Finalmente, vale pontuar que o tema de C,T&I foi objeto de discussão em um encontro promovido  pela Adufg Sindicato, SBPC Goiás e Associação de Pós-graduandos de GO, no dia 12 de setembro. Estavam convidados os quatro candidatos melhores posicionados em pesquisas eleitorais, que acrescentava, em relação à lista analisada neste texto, a candidata Kátia Maria (PT). Estiveram presentes os candidatos Daniel Vilela, Kátia Maria e a profa. Raquel Teixeira, candidata a vice-governadora na chapa de José Éliton. A ausência do candidato Ronaldo Caiado foi sentida pelos presentes, fato que reforça a impressão que seu plano de governo causa.

Em síntese, enquanto a área de Ciência, Tecnologia e Inovação é tida em ações pontuais em Caiado, a despeito da busca de tornar Goiás referência na área, em José Éliton é melhor posicionada, ainda que pontual e, em Daniel Vilela, a área é estruturante, como nos ensina os bons exemplos dos países mais desenvolvidos e inovadores do mundo.

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