Link Coluna 28-01-2019 - Ventos no cerrado

Ventos de até 200 km/h no cerrado brasileiro

Tema: Ventos de até 200 km/h no cerrado brasileiro

Veículo: Diário da Manhã

Número: 11.422

Página: 15

Caderno: Opinião Pública

Data: 28/01/2019

Não se trata exatamente de um furacão, mas do túnel de vento que Furnas instalou em sua unidade, em Aparecida de Goiânia. O túnel, terceiro maior do país e primeiro se considerar sua destinação, está direcionado para pesquisas de geração de energia eólica, considerando topografia, equipamentos utilizados, inclusive resistência e durabilidade de materiais, e oscilação do vento. O resultado será menor custo de implantação desta tecnologia, tendo em vista as avaliações de performance e viabilidade técnico-orçamentário.

Se o texto do primeiro parágrafo parece ser direcionado demais para a área energética, a correção bem que poderia ser: o túnel de vento tem possibilidade de fazer o Brasil avançar em Ciência e Tecnologia, com projetos que não se limitam ao potencial energético de matriz eólica. A estrutura proporciona avaliar a resistência de materiais voltados à indústria civil e militar, à performance de equipamentos, incluindo seu desgaste, além da maior eficiência de sistemas geradores em relação à qualidade, densidade e localização de solos e sua topografia.

O túnel de vento, empreendimento de Furnas apoiado pela FINEP, é uma das apostas da empresa para oferecer ao país uma maior eficiência no uso de recursos renováveis para geração de energia. Além do túnel de vento, o laboratório responsável pelas pesquisas desenvolve projetos com geração de energia solar, a partir da instalação de plantas no estado de Goiás. As articulações entre universidades, a própria empresa e o poder público estão na mira da equipe, que pretende ampliar os resultados das pesquisas, pensando nos grandes temas brasileiros, como a questão energética. Esse cenário aponta para algo novo no ramo empresarial: a consciência de que ecossistemas se baseiam em pesquisa e que a inovação é fator fundamental para o desenvolvimento social e econômico.

Atuações isoladas corroboram para a manutenção de um cenário cada vez mais vinculado ao passado. A inovação aberta, modelo adotado em etapa pré-competitiva de mercado, fortalece ecossistemas, além de possibilitar o surgimento de spin-offs, empresas derivadas de uma outra empresa, normalmente centradas em produtos e serviços específicos, buscando aproveitar processos inovativos gerados pelas empresas-mãe, fora de seu foco de atividade.

O trunfo de Furnas, nesse âmbito, não foi exatamente ter montado o túnel de vento, mas sim adotar estratégias, a partir desse equipamento, que a fortaleça em seu foco de atuação, prospectando melhoria de performance comercial, e que cria uma perspectiva de spin-offs e ecossistemas, além de caminhar para a vertente da atuação da tríplice hélice, fomentando articulações com universidades e o poder público.

Observados nessa lente, os ventos produzidos por Furnas podem ter início em um túnel, mas virtualmente pode varrer o cerrado, com os bons e velozes ventos, nada furiosos, da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

Leia o artigo publicado.

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