Uma agenda para melhorar o mundo - capa

Uma agenda para melhorar o mundo

Tema: Uma agenda para melhorar o mundo
Veículo: Diário da Manhã
Número: 10.797
Página: 19
Caderno: Opinião Pública
Data: 08/05/2017

 

Uma agenda para melhorar o mundo

Em 2015 a ONU, Organização das Nações Unidas, adotou formalmente uma agenda de desenvolvimento sustentável. Mais de 150 líderes mundiais definiram juntos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e um prazo para atingi-los, a agenda 2030. Baseado nas perspectivas de desenvolvimento com sustentabilidade, a agenda é um plano de ação para pessoas e para o planeta. Conceitos como a paz e a liberdade são pontos fudamentais da agenda, que elege cinco áreas prioritárias, a saber as pessoas, o planeta, a prosperidade, a paz e a parceira.

A partir dessas áreas foram elaborados dezessete objetivos, tidos como transformadores do mundo, com vistas ao desenvolvimento sustentável das pessoas e do planeta. Os objetivos caracterizam as ações a serem realizadas nas cidades e, por conseguinte, nos países, de modo a alcançar não apenas os objetivos, mas a melhoria de vida no planeta.

Os objetivos são:

  1. Erradicação da pobreza
  2. Fome zero e agricultura sustentável
  3. Saúde e bem-estar
  4. Educação de qualidade
  5. Igualdade de gênero
  6. Água potável e saneamento
  7. Energia limpa e acessível
  8. Trabalho decente e crescimento econômico
  9. Indústria, inovação e infraestrutura
  10. Redução das desigualdades
  11. Cidades e comunidades sustentáveis
  12. Consumo e produção responsáveis
  13. Ação contra a mudança global do clima
  14. Vida na água
  15. Vida terrestre
  16. Paz, justiça e instituições eficazes
  17. Parcerias e meios de implementação

A agenda 2030 pressupõe esforços das nações para atingir os objetivos até o ano de 2030, tendo, na época de sua elaboração, quinze anos para o desenvolvimento dessas ações. Dois anos depois, estamos envoltos em um contexto político social bem distinto, embora a agenda permaneça com suas marcações. Enquanto os Estados Unidos buscam rever suas posições, que antes apontavam para redução do consumo do planeta e agora parece sofrer crise de abstinência, o Brasil continua prospectando tacanhamente sua posição, baseada na redução do desmatamento da floresta amazônica e combate à pobreza, ainda que as ações para isso sejam tímidas, por vezes inexistentes.

Nos espaços das cidades, lócus onde de fato ocorrem as ações, a mobilização ainda é inexpressiva, embora tenha sido o foco do IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, evento organizado pela Frente Nacional de Prefeitos, nos dias  24 a 28 de abril, em Brasília.

Educação, saúde e segurança continuam sendo carros-chefe do chamado G100, grupo que reúne cidades brasileiras com mais de 80 mil habitantes, baixa renda e alta vulnerabilidade socioeconômica, o que equivale dizer de menor qualidade de vida de seus habitantes. Saneamento, por outro lado, é outro dos grandes problemas das cidades brasileiras, que resulta em rios e córregos mortos, proliferação de doenças e os já velhos problemas de enchentes, desmoronamentos, aedes aegypti e postos de saúde insuficientes para a demanda, em um círculo vicioso que encontra base na sustentabilidade de um sistema individualista fundado no jeitinho brasileiro, nascido da criatividade e transformado em eufemismo para a burla de regras.

A sustentabilidade no Brasil parece não estar ligada ao desenvolvimento social e econômico, como pretende o mundo, mas aos desmandos, conluios e mamatas, cujo ápice parece repousar em palácios públicos, mas que se lastreia pelas residências todas, amalgamada que se encontra no tecido social. A sustentabilidade tramada diariamente, fantasiada de jeitinho brasileiro, empurra o Brasil para disputas acirradas dos municípios para entrarem para o G100, quando deveríamos enfrentar, com inteligência e criatividade, os problemas das cidades, na busca não somente da agenda 2030, mas para uma agenda Brasil, com foco em desenvolvimento econômico e social, sempre atrelado à sustentabilidade das pessoas, do planeta e da vida.

Girar a chave-mestra da cultura é fundamental para adotarmos uma agenda como a 2030. Enquanto os palanques das redes sociais servem para terapia social, com veneno destilado na forma de julgamentos imediatos e ofensas, sem a catarse esperada, a História passa ao lado, com países como Chile e Colômbia fazendo o dever de casa, alcançando índices de desenvolvimento invejáveis e títulos de cidades inteligentes.

“Temos a obrigação de preparar nossas cidades para o futuro”, disse o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, em seu discurso de posse como vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos no Estado de Goiás. E se é esse o caminho, sustentabilidade é, necessariamente, um percurso que conduz ao futuro.

 

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