Saúde, tecnologia e cidadania - capa

Saúde, tecnologia e cidadania

Tema: Saúde, tecnologia e cidadania.
Veículo: Diário da Manhã
Número: 10.846
Página: 19
Caderno: Opinião Pública
Data: 28/06/2017

 

Saúde, tecnologia e cidadania

 

A estrutura pública de saúde se organiza, regularmente, nas Unidades Básicas de Saúde - as UBSs ou postos de saúde -, nas Unidades de Pronto Atendimento - UPAs - e nos hospitais. Via de regra, as unidades de atendimento básico deveriam atender preventivamente o cidadão, com casos corriqueiros e mais rápidos, além de um primeiro atendimento. Assim, consultas, vacinas, tratamentos e acompanhamentos são de atendimento nesses postos, que deveriam atender 80% dos casos.

Para as Unidades de Pronto Atendimento, deveriam seguir os casos de urgência e emergência, além dos casos de atendimento específicos de média e alta complexidade, conduzidos por especialistas, com a finalidade de estabilizar o paciente. Cerca de 90% dos casos atendidos nas UPAs são resolvidos ali mesmo, sem a necessidade de encaminhamento para hospitais. As UPAs atendem aos chamados do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU.

Finalmente, os hospitais estão reservados para internações e intervenções cirúrgicas, prioritariamente, além dos atendimentos de pronto socorro, para casos de emergência - aqueles que necessitam de atendimento imediato, com risco de morte - e urgência - aqueles que necessitam de atendimento médico, mas podem aguardar um pouco mais, já que o risco de morte, embora exista, não é imediato.

Se o modelo é operacional - funciona como filtro, de modo que o atendimento de maior abrangência se dá na primeira instância, seguindo para um atendimento em menor quantidade para as unidades de pronto atendimento e, em casos menos intensos, nos hospitais -, o que está errado com o sistema? De que modo a eficiência poderia surgir nesse contexto?

De início, podemos observar que, em termos de números proporcionais, a regra funciona: a população tem mais postos de saúde que UPAs e menos hospitais que UPAs. Contudo, o número deveria ser relacionado ao quantitativo da população atendida, o que nem sempre ocorre, resultando em quantidades menores que a demanda populacional.

Na outra ponta, o desconhecimento desse fluxo e das regras de atendimento gera demanda imprópria: casos que deveriam ser atendidos em UBSs sendo atendidos em UPAs, por exemplo. A população cria demandas indevidas, porque de algum modo o atendimento ocorre se se burlar o sistema. A prática, contudo, desvia fluxos que atrapalham ainda mais o funcionamento geral do sistema. Em analogia, é aquele carro que avança fora da via, para tentar entrar na via um pouco mais adiante, atrapalhando todo o fluxo.

Em países com estruturas mais avançadas, a telemedicina tem contribuído sobremaneira para melhorar o fluxo, com atendimentos ágeis. Consultas simples de pedido de exames e mesmo de devolutiva médica podem ser substituídas por consultas mediadas pela tecnologia. Análises de resultados de exames e acompanhamento médico podem, igualmente, dispensar o paciente, na maioria dos casos. Em havendo necessidades pontuais, o paciente pode se dirigir para uma consulta presencial. Essa implementação resulta em otimização de tempo, deslocamento e mão de obra, racionalizando o atendimento médico, reduzindo as filas para atendimento e promovendo uma melhor qualidade nos atendimentos em geral, remota e presencialmente.

Na perspectiva contemporânea de otimização dos recursos, a partir da tecnologia, a telemedicina urge, justamente por cumprir importante papel na redução de atendimentos presenciais, na otimização do trabalho das equipes médicas e na agilidade do serviço público.

A despeito de programas como o Mais Médicos, que é um paliativo para um grave problema brasileiro, precisamos implementar algo como Mais Saúde, com toda a inteligência possível, auxiliando o atendimento na prevenção de doenças mediante exames e vacinas e, mais ainda, a promoção de ações preventivas, como a educação para a saúde, o esporte como elemento fundamental de bem  estar físico,  e a cultura, na valorização de alimentos saudáveis e ações de melhoria da qualidade de vida.

 

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