Educação e cultura digital - capa

Educação e cultura digital

Tema: Educação e cultura digital.
Veículo: Diário da Manhã
Número: 10.860
Página: 19
Caderno: Opinião Pública
Data: 10/07/2017

 

Educação e cultura digital

 

Existe uma discussão que não é exatamente nova, que envolve a definição de alfabetismo digital e cultura digital. De um lado, defensores de que a programação é a nova escrita e linguagem, portanto todos devemos conhecer programação. Alguns países, como o México, incorporam a programação como disciplina escolar, crendo que o alfabetismo digital é a programação.

Em outra vertente, há defensores de que a lógica computacional, e não as linguagens de programação, deve ser o foco da nova aprendizagem, inserindo tal lógica não exatamente como disciplina, mas como tema transversal, estando, portanto, com seu conteúdo explorado em todas as disciplinas.

Em um caso e outro, a perspectiva de que a cultura e o alfabetismo digitais são necessários é um fato. Não por outro motivo surgem, aqui e ali, escolas chamadas do futuro, completamente voltadas para o aprendizado da cultura digital e de programação, inclusive robótica. Ainda que o conteúdo não seja exatamente voltado para um futuro - muito provavelmente o que se aprende hoje estará obsoleto em poucos anos - essas iniciativas são a emergência social para uma realidade presente. Nesse sentido, essas escolas deveriam ser as escolas do presente, enquanto as escolas tradicionais ainda olham para o passado.

Os conteúdos ministrados no novo alfabetismo consideram as lógicas e a programação digital, buscando converter simples usuários em fornecedores de conteúdo e aplicações. Enxergar milhares de jovens usando smartphones e computadores, sem qualquer noção de que são apenas usuários à mercê de uma indústria, é algo inquietador. A massa manipulada parece mudar apenas de tecnologia, não de ideologia. A noção base desse alfabetismo é mudar essa lógica, preparando as gerações para usarem não o que está pronto enquanto software, mas serem capazes de propor soluções para seus problemas, usando a tecnologia.

As críticas dos dois polos de discussão estão situadas em dois pontos principais: o primeiro enxerga que programar é como aprender a escrever, portanto, quem não programa é o analfabeto do futuro ou mesmo do presente. O segundo grupo argumenta que nem todos precisam programar, mas que todos devem entender a lógica computacional, sendo capazes de propor e discutir soluções, em suas áreas respectivas de atuação. Se o primeiro grupo considera a programação um conhecimento que deveria ser homogêneo, o segundo aposta em competências complementares, de modo que a programação estaria ainda concentrada nos programadores, mas a lógica seria um conhecimento tido por todos.

Frente à premência dessa discussão, eventos como o Córtex: festival de experiências digitais (eventos.aparecida.go.gov.br/cortex), que invade a cidade de Aparecida de Goiânia no mês de julho, abre o debate. O evento apresenta várias atrações culturais vinculadas à cultura digital, como exibição de filmes em parques (toda quinta-feira, em parques da cidade), uma mostra de imagens da cidade em 360º, no Aparecida Shopping (21 a 30 de julho), e um simpósio que traz palestras, workshops e mostras de games (28 e 29 de julho). As discussões terão lugar no CEU das Artes Vera Cruz e dão início ao projeto Cultura do Acesso, uma das 36 ações voltadas para cidade inteligente, que a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação daquele município prospecta.

A cultura digital indica, por um lado, uma aproximação com a lógica digital, e de outro, auxilia na inserção de um modelo de mídia mais ativa, que retira o usuário do papel de mero receptor, dando-lhe ferramentas e voz, algo valioso para o exercício da cidadania.

 

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