Coluna - Ecossistemas de Negócios

Ecossistemas de negócios

Tema: Ecossistemas de negócios

Veículo: Diário da Manhã

Número: 10.902

Página: 19

Caderno: Opinião Pública

Data: 14/08/2017

Ecossistemas de negócios

Popularizado por James Moore em 1996, a expressão ecossistemas de negócios explora uma característica cada vez mais relevante para o universo corporativo: as interações entre os vários atores de uma cadeia produtiva, que geram não apenas cooperação e interdependência, mas uma rede complexa de vinculações. Esse ecossistema estabelece um ciclo virtuoso de agregação de valor ao negócio, fortalecendo todos que dela participam.

Em um universo complexo e competitivo, o pertencimento a um ecossistema pode ser definidor entre se manter no mercado e estar fora dele. As alianças estratégicas, antes tidas entre um e outro parceiro, agora refletem toda uma cadeia produtiva, formando um ecossistema. Aqui já não há a preocupação da porta para dentro, característica do modelo da empresa que opera na fabricação de seu produto ou oferta de seu serviço. Em um ecossistema, todos observam para toda a cadeia, nutrindo todos os atores e fortalecendo toda a engrenagem.

Observando as novas empresas, que praticam a inovação aberta, é fácil verificar como elas se aninham em ecossistemas, base de seu processo. AirBnB, Uber e YouTube, para citar alguns exemplos, elaboram intrincados modelos de negócio que incluem fornecedores, usuários, aplicativos, sistemas, marketing e até mesmo produtores, para que seus negócios se mantenham. AirBnb aluga mais quartos que qualquer hotel e não possui um hotel sequer, nem mesmo um quarto. Uber é a maior frota de automóveis do planeta sem ter uma frota própria. YouTube tem a maior quantidade de vídeos em seu acervo, mas não produz qualquer vídeo. Esses negócios se fortalecem pelo ecossistema que conseguem organizar.

Nesses ecossistemas, a estrutura é dinâmica e a noção do negócio é compreendida por todos. O fornecedor, que oferece quarto, carro ou vídeo; a empresa em si, que organiza toda a cadeia, inclusive o sistema tecnológico; o cliente, que pode ser fornecedor e, ao avaliar o uso, auxilia na credibilidade do serviço; as lojas digitais, que distribuem os aplicativos; o marketing e a mídia, de todos os integrantes do ecossistema, desde a balinha e a água fornecidas como brinde ao cliente, até a campanha que faz variar os custos baseados na demanda em tempo real; os órgãos públicos, que regulam as atividades de interesse público; as universidades, que produzem pesquisa e tecnologia para incrementarem o modelo de negócio, serviço e produto; enfim, uma teia complexa em constante movimento, interdependência entre os seus atores, gerando a consciência de que se um ganha, todos ganham, se um perde, todos perdem.

A conectividade é base para esse modelo de parceria corporativa. A cadeia produtiva se consolida como organismo dinâmico, compreendendo seu papel na organização complexa do negócio. Arranjos Produtivos Locais - APLs - e a articulação entre universidades, poder público e iniciativa privada são modelos consolidados de formação de ecossistemas. Os parques tecnológicos e industriais, quando trabalham na perspectiva de ecossistemas, produzem inovação e mudança, agregando valor aos produtos e processos, além de criar oportunidades para novos integrantes.

Mais que modismo no universo corporativo, os ecossistemas de negócios são a consciência da organicidade social, no estabelecimento das interações que rumam para a emergência dos mercados e para a premência da inovação.

Clique aqui para ler o artigo publicado.

 Coluna - Ecossistemas de Negócios

 

Categorias: artigo científico #Artigo artigos