A tríplice Hélice de Inovação

A Tríplice Hélice da Inovação

Tema: A Tríplice Hélice da Inovação

Veículo: Diário da Manhã

Número: 10.909

Página: 19

Caderno: Opinião Pública

Data: 28/08/2017

A tríplice hélice da inovação

Desenvolvida por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, a abordagem chamada tríplice hélice parte da premissa de que a inovação é dinâmica e sustentável a partir da articulação entre três atores sociais: a universidade, a iniciativa privada e o poder público. O argumento considera a sociedade contemporânea, que se sustenta com base nos avanços da ciência e da tecnologia. Pensar o mundo contemporâneo é pensar em como a ciência construiu um modelo de sociedade, tendo o conhecimento como elemento propulsor dos ecossistemas sociais existentes.

O cotidiano de todos nós considera um modelo de inter-relações e interdependência, com produção e circulação de bens e serviços, sendo esse fluxo a sustentação da vida moderna. Sem as invenções e descobertas científicas não teríamos a manutenção do modo de vida atual, desde a base da pirâmide de Maslow, com o atendimento das necessidades fisiológicas, até o ápice da pirâmide, com as duas categorias que vieram após sua disseminação: as necessidades cognitivas e as estéticas. Tratamento e distribuição de água e esgoto, produção de  alimento e peças do vestuário, vacinas e tratamentos de saúde, dentre outros, compõem as necessidades básicas humanas e são operadas pelas lógicas das ciências, desde o melhoramento genético, combate a pragas, vacinas, logística de distribuição, modelos econômicos, enfim, toda uma rede que possibilite que tenhamos bilhões de pessoas no planeta, com atendimento de suas necessidades - ainda que haja comunidades não atendidas plenamente.

Na outra ponta da pirâmide, a ciência, promotora do avanço tecnológico, organiza sistemas econômicos, atividades de autorrealização, como as atividades voltadas para o lazer, para a arte e para a cultura, além do próprio avanço da ciência e da tecnologia, como pressupostos da realização das necessidades cognitivas. O modo de organização social contemporâneo é regido pelo signo da ciência.

Em sendo assim, o modelo da hélice tripla, ou tríplice hélice, observa os principais atores que conduzem ao desenvolvimento dinâmico da sociedade, ao articular universidades, empresas e governos, em práticas colaborativas. As universidades, como promotoras do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, gerando transferência de tecnologia e spin-off (quando algo deriva de um elemento primeiro, seja produto, empresa ou modelo de negócio); as empresas, ao empreenderem modelos de produtos e serviços derivados dessas transferências tecnológicas, levando produtos e serviços de melhores performances para a sociedade; e os governos, ao regularem, pelas políticas públicas, os avanços e legislação pertinentes para que os novos modelos se consolidem, além de fomentar tais ações.

A abordagem da tríplice hélice reflete a organicidade do ecossistema das modernas sociedades, onde a inovação tem forte relação com a pesquisa e o desenvolvimento. No Brasil, sua implementação ainda depende da superação de modelos baseados em feudos, seja nos governos (feudos políticos), nas universidades (feudos acadêmicos) e mesmo nas empresas (feudos de capital). Algumas cidades, como Curitiba, Recife e Florianópolis, estão um passo adiante nessa direção. A organicidade desses atores funda a dinâmica que mantém o ritmo da inovação, desde que a relação harmônica seja o desejo e o empenho de cada uma dessas hélices. Juntas, essas esferas de atuação criam o círculo virtuoso do desenvolvimento econômico sustentável e socialmente responsável.

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Coluna - A Tríplice Hélice da Inovação

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